
Há algum tempo, em Barcelona, parei no balcão de um lindo e espaçoso bar (do qual não vou lembrar o nome) e pedi a primeira cerveja. Ainda não havia me acostumado com o espírito notívago da cidade, em que o agito só começa a acontecer lá pelas tantas. À espera de uma noite sacudida, enquanto o lugar não esquentasse de gente (o que de fato aconteceu), restou-me uma opção. Pedir mais uma.
– Una cerveza más, por favor!
– Não, não diga isso! – devolveu o bartender, como que espantado.
Olhei para os lados e me perguntei o que poderia ter dito de errado ou que gafe teria cometido com uma frase tão simples.
– Por que não posso dizer isso?
Ele abriu um sorriso maroto:
– Você nunca deve pedir mais uma. Deve sempre pedir uma, seja a segunda ou a décima. Quem está ao seu lado não precisa saber quantas cervejas já bebeu. Deve achar que está sempre na primeira. De outra forma, vão pensar que você é um borracho.
Entendi perfeitamente a lição de etiqueta etílica daquele barman espanhol, nunca mais pedi mais uma. Ou mais um.
Até hoje me arrepio quando é o garçom quem se adianta na indiscreta contagem alheia de doses, perguntando:
– Mais uma?
Por Sergio Crusco
Com o espanhol Joaquin Sabina, porém, não há esse problema. Nessa canção ele consegue contar, pelo menos, até a sexta dose.
[…] Nunca peça mais uma — Sobre isso já conversamos. Você lê aqui. […]
CurtirCurtir